sábado, 19 de dezembro de 2015

Cinema: Star Wars - O Despertar da Força

Filme mais esperado do ano - para não dizer das últimas décadas, já que finalmente a saga Star Wars teve uma sequência, depois de O Retorno de Jedi (1983) - O Despertar da Força não só cumpriu todas as expectativas do fandom, como é extremamente eficiente em apresentar a história para uma nova geração - e quem nunca viu Star Wars até hoje.


Dá pra dizer sem medo de errar, nem de ser exagerado, que todos os elementos clássicos estão presentes. Ao mesmo tempo em que há o chamado "fan service" (homenagem aos fãs), o longa busca ser ao máximo possível independente da franquia - a ponto do título "episódio VII" só aparecer nos créditos iniciais, e não no material promocional.


ALERTA DE SPOILERS

Assim, tudo o que precisamos saber sobre Luke (Mark Hamill), Leia (Carrie Fisher) e Han (Harrison Ford) é explicado de forma orgânica e breve: mais de 20 anos depois, a guerra entre o Império e a Aliança Rebelde se tornou lendária, assim como a participação do trio no desfecho do conflito para a galáxia.

Por sua vez, os personagens novos estão bem introduzidos, começando por Lor San Tekka (Max von Sydow), um líder tribal de Jakku que é procurado pelo piloto Poe Dameron (Oscar Isaac) por saber do paradeiro de Luke Skywalker, o "último cavaleiro Jedi". A pirata Maz Kanata (Lupita Nyong'o's), apontada como uma "versão feminina de Yoda", vai além disso, sendo uma espécie de mentora de Han Solo que ajuda contrabandistas há mais de mil anos.

A única adesão ao elenco de O Despertar da Força que deixa a desejar, mas também cumpre uma rima em relação à trilogia clássica, é a Capitã Phasma (Gwendoline Christie), comandante de stormtroopers da Primeira Ordem, que acaba sendo tão ameaçadora quanto o caçador de recompensas Boba Fett. A Primeira Ordem, aliás, ainda tem muito o que ser explicada, já que serve apenas como um Império recauchutado, comandado pelo misterioso Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), tendo como general o jovem Hux (Domhnall Gleeson), de inspiração claramente nazista.


Os heróis merecem um parágrafo a parte: Rey (Daisy Ridley) é uma catadora de lixo (Sucateeeeira, como diria Regina Duarte) de Jakku, cujas origens ainda vão render roteiro para o "Episódio VIII", previsto para 2017. O despertar da Força, como muitos acertaram o palpite, acontece em Rey. Sem qualquer treinamento, acaba sendo o que todos esperávamos de Anakin Skywalker - ele sim tido como o responsável por trazer equilíbrio à Força, mas que foi corrompido pelo Lado Negro. A atuação de Ridley está no ponto: forte, determinada, não depende de nenhuma ajuda masculina para atingir seus objetivos.

O stormtrooper convertido sem nome, batizado de Finn (John Boyega) por Poe Dameron, cumpre bem a função de alívio cômico, sem soar apelativo. Seu interesse por Rey, e química entre os dois, é algo palpável e "fofo", assim como a amizade que constrói com Poe (também tem um leve bromance).

Já o vilão Kylo Ren (Adam Driver) funciona dentro da máscara, que emula Darth Vader. Jedi treinado por Luke, filho de Han e Leia, Ben Solo sucumbiu ao Lado Negro como seu avô Anakin. Ao mesmo tempo em que se inspira no antigo Darth, tem medo de não ser como ele - no que é influenciado pelo Lado Bom. Quando a máscara cai, a atuação de Driver não é á o que esperávamos. Mas OK, tem mais filme pela frente para melhorar...rs

Capitã Phasma: esperava mais de você, Brienne
O roteiro, obviamente inspirado em Uma Nova Esperança, traz dezenas de passagens familiares, mas com nova roupagem. Assim, o droide BB-8 carrega uma informação importante para a Resistência em Jakku, como R2-D2 o fez outrora em Tatooine (ambos planetas desérticos). Han Solo cumpre a função de ex-general, mentor e figura paterna de Rey, assim como Obi-Wan Kenobi foi para Luke. O desfecho dos personagens, inclusive, é o mesmo - para choque de muitos fãs, apesar da função dramática e narrativa.
General Organa: "Para mim ela sempre será da realeza", diz Lor San Tekka
Sequência que não deixa de ser um reboot da saga criada por George Lucas, O Despertar da Força emociona do início ao fim, funciona como longa independente, cativa o público novo e homenageia os fãs que comparecem anualmente às Jedicons e celebram o 4 de maio pelo mundo (May the Fourth). Definitivamente, podemos dizer que dá pra confiar em J. J. Abrams! Não há diretor melhor que ele para fazer a Força despertar no coração do público...

Star Wars - O Despertar da Força (The Force Awakens, 2015)
Direção: J. J. Abrams
Roteiro/Produção: J. J. Abrams, Kathleen Kennedy, Lawrence Kasdan e Michael Arndt
Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Harrison Ford, Carrie Fisher, Mike Hamill, Lupita Nyong'o's, Max von Sydow.
Nota: 5/5

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