Curitiba recebeu neste final de semana três grandes espetáculos, com produções e elenco conhecidos do público: Os Realistas, com três sessões, de sexta a domingo; Milton Nascimento - Nada Será Como Antes, musical com apresentação gratuita no sábado; e O Topo da Montanha, também no sábado a noite, com Lázaro Ramos e Tais Araújo.
Devido à coincidência de horários, acabei assistindo as duas primeiras peças e falarei um pouco sobre cada uma a seguir. Ambas - Os Realistas e Nada Será Como Antes - homenagearam o ator Domingo Montagner ao final de suas sessões. Impossível não lembrar e se emocionar com a trágica morte do Santo dos Anjos, de Velho Chico, há apenas alguns dias do ocorrido...
Os Realistas (baseada em The Realistic Joneses)
Personagens cotidianos em rotinas repletas de frustrações, incertezas, medos e pequenas alegrias diárias. Esse é o mote da peça norte-americana The Realistic Joneses, estrelada por Michael C. Hall e Marisa Tomei em 2014. Escrita pelo estreante Will Eno, traz em sua imensa subjetividade frases escritas (e interpretadas) com precisão, sendo considerado um "estranho no ninho" na Broadway, em tempo de cena maior que o teatro convencional, como bem aponta meu amigo Miguel Arcanjo Prado em sua crítica.
A versão brasileira, adaptada pelo ator e diretor Guilherme Weber, traz Emilio de Mello, Mariana Lima, Débora Bloch e Fernando Eiras como os dois casais Silva (nossos "Jones"), moradores de uma cidade de serra no interior, bastante pacata e até mesmo isolada.
Enquanto João (Eiras) e Júlia (Mariana) vivem uma rotina tediosa, com diálogos que se limitam a se devem ou não pintar sua casa, Pônei (Débora) e José (Emilio) se mudam para a casa ao lado aparentando viver uma relação bem mais animada. Numa noite, passam a ouvir a conversa dos vizinhos e inevitavelmente a conviver com eles.
Cena de The Realistic Joneses, a peça original da Broadway |
A dedicação e dependência das esposas com seus maridos é uma das tônicas de Os Realistas, mas não da maneira como você pode estar pensando: ambos sofrem de uma estranha doença degenerativa (primeiro João, depois José) que causam reações diversas em suas companheiras. Basicamente, uma que cuida e a outra que precisa ser cuidada...
Em entrevista à Folha, Weber descreve que "O confronto com a natureza, o vasto e o desconhecido faz com que estes personagens se cruzem em uma comédia existencialista sobre vida, morte, amor e vizinhos". Tudo isso no clima intimista do Guairinha rendeu três belas noites de teatro para o público curitibano...
Milton Nascimento - Nada Será Como Antes - O Musical
Charles Möeller & Cláudio Botelho já se tornaram uma grife de grandes espetáculos nos últimos anos, especialmente musicais. Milton Nascimento - Nada Será Como Antes passou por Curitiba em 2014, ano de estreia do musical, quando o cantor mineiro completou 70 anos.
Tive o prazer de assistir no Guairão e, quando soube da volta à capital paranaense, em apresentação gratuita na Praça Nsa de Salete, no coração do Centro Cívico, não pensei duas vezes em rever. Dessa vez com minha mãe, fã de longa data do "Bituca"...
Com elenco de 13 atores, cantores e músicos, o musical compila 50 canções de Milton Nascimento e do Clube da Esquina - grupo formado por ele com os amigos Márcio e Lô Borges, Ronaldo Bastos e Fernando Brant, entre outros, na Belo Horizonte dos anos 1960.
Sucessos como Maria Maria, Coração de Estudante, Amor de Índio, O Trem Azul, Bola de Meia Bola de Gude e os "hinos" Canção da América, Encontros e Despedidas e a canção que dá nome ao musical estão presentes, apresentados de maneira fluida e singela, num cenário que remete aos casarões mineiros interioranos. Baita espetáculo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário