Combo de filmes nesse feriadão prolongado em Curitiba - cinco dias, graças à Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira municipal - com duas estreias vistas no cinema e duas boas pedidas no Netflix. Vamos lá?
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho
Segundo longa de Kleber Mendonça Filho (depois do excelente Som ao Redor), Aquarius chamou a atenção do mundo no Festival de Cannes, quando o elenco fez cartazes de protesto pelo golpe/impeachment em curso no Brasil. A reação do governo Temer veio com a classificação indicativa de 18 anos (depois reduzida para 16), que acarretaria menos salas de exibição. O burburinho, porém, já levou 100 mil pessoas aos cinemas na primeira semana de exibição.
Essa "introdução de bastidores" é válida por um motivo simples: resistência é a mensagem transmitida por Aquarius ao fim dos 145 min de duração - lento em alguns momentos, mas dentro da proposta do cineasta. Somos envolvidos logo pela história de Clara (Sonia Braga, cujo magnetismo continua impressionante), jornalista e escritora que resiste em abandonar seu apartamento e vendê-lo à empreiteira dona do prédio - permanecendo como a única moradora do edifício que dá nome ao filme.
As temáticas abordadas são variadas, indo além da convivência entre o "vintage" e o moderno, as lembranças físicas dos meios analógicos e a efemeridade dos meios digitais, passando para a inevitável disputa de classes e raças brasileiras, retratada no microcosmo da Praia de Boa Viagem, em Recife. Sem dúvida, um dos melhores longas brasileiros do ano!
Pets - A Vida Secreta dos Bichos, da Illumination
A Pixar e a Dreamworks se consolidaram nas últimas décadas como campeãs das animações. Mas os últimos anos trouxeram um terceiro estúdio na "disputa", a Illumination, que despontou com o sucesso de Meu Malvado Favorito e dos simpáticos Minions.
No ano em que o top 10 de bilheterias emplacou cinco animações/filmes infantis até agora (Pets já incluso na lista), não dá para ignorar o fenômeno e lembrar que a tendência dos remakes/reboots que lideravam em 2015 parece ter esfriado.
Mas vamos ao filme. Pets traz uma premissa irresistível para a criançada, com pitadas de humor que agradam os adultos: o que nossos animais de estimação fazem quando estão sozinhos? A versão dublada é eficiente, com destaque para Danton Mello na voz do cãozinho Max, e o inconfundível Luis Miranda dando expressão ao coelho neurótico Bola de Neve.
A Escolha de Sofia (1982), de Alan J. Pakula
Clássico do diretor de Todos os Homens do Presidente, A Escolha de Sofia é responsável por alguns marcos: o primeiro Oscar de Melhor Atriz para Meryl Strepp, a estreia de Kevin Kline no cinema e a eternização da expressão que dá nome ao longa - a de uma escolha impossivelmente dramática de ser feita.
Imigrante polonesa que sobreviveu ao Holocausto, Sofia (Strepp) vive no Brooklyn, em Nova York, tendo como vizinho de casa o jovem Stingo (Peter MacNicol), escritor que narra a história. O trio de protagonistas se completa com o intenso Nathan (Kline, na primeira de muitas atuações do gênero), que vive uma relação extremada de carinho e abuso com Sofia (cujas causas são posteriormente explicadas).
Em meio a convivência do trio, em sequências agradáveis intermeadas pelos surtos de Nathan, flashbacks bem alinhados contam a história da polonesa: salva de uma profunda anemia por Nathan, quando chegou aos EUA; filha de um professor antissemita, que mesmo assim não escapou do nazismo; mãe de duas crianças vítimas do Holocausto, assim como seu marido. Um drama clássico imperdível.
Versos de um Crime (2013), de John Krokidas
O período entre 2012 e 2013 foi marcado por produções que remetiam à Geração Beat, como On the Road (2012), de Walter Salles, e este Versos de Um Crime, do estreante John Krokidas, inspirados nas vidas e obras de escritores como Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs.
Versos de um Crime conta a verídica história do assassinato de David Kammerer (Michael C. Hall, o eterno Dexter) pelo jovem Lucien Carr (Dane DeHaan), ex-amantes, após um histórico de perseguição, drogas e excessos que envolve ainda Ginsberg (Daniel Radcliffe), Kerouac (Kack Huston) e Burroughs (Ben Foster), amigos de Lucien.
O elenco, como pode-se notar, é de rostos conhecidos. Os destaques vão para Radcliffe (em sua jornada para se distanciar de Harry Potter), C. Hall e as coadjuvantes femininas Elizabeth Olsen e Jennifer Jason Leigh, respectivamente a esposa de Kerouac e a mãe de Ginsberg. Já DeHaan deixa a desejar em suas expressões exageradas de dramaticidade. Para quem se interessa pelos beats, vale a pena conferir...
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