Desde que foi retomada pela Globo em 2011, a faixa das novelas das 23h já nos trouxe quatro remakes - O Astro, Gabriela, Saramandaia e O Rebu - uma novela inédita - Verdades Secretas - e agora exibe Liberdade, Liberdade, um misto de novela e minissérie histórica nos moldes do que o Plim Plim fazia até meados dos anos 2000, quando parou de produzi-las devido ao alto custo e baixo retorno da audiência.
Como público, só temos a ganhar: a trama que conta a história da herdeira do alferes Joaquim José da Silva Xavier, adaptada do romance Joaquina, Filha do Tiradentes”, de Maria José de Queiroz, traz elementos western com o melhor do clima caboclo mineiro do início do século 19. Todo o panorama social, político e econômico do período que contempla a execução do mártir da República, com o fim da Inconfidência Mineira, até a fuga da família real portuguesa para o Brasil, está presente nas tramas da novela.
A abertura, na voz de Milton Nascimento, é um show a parte. As referências ao western spaghetti de Sergio Leone estão todas lá, sem tirar nem por. Um primor - aliás, as aberturas das séries e novelas da Globo tem se destacado positivamente nos últimos anos.
A audiência está acompanhando em alta, o que é um mérito e tanto, visto que Velho Chico enfrenta problemas em sua segunda fase, e todo mundo sabe que a novela das 21h (carro chefe da emissora) influencia tudo o que é exibido na sequência.
Os destaques da trama de Mário Teixeira e Alcides Nogueira vão para o elenco escolhido com cuidado: Andreia Horta, impecável como sempre, é a protagonista ao lado do pai adotivo, o fidalgo interpretado por Dalton Vigh. Já Mateus Solano encarna um personagem dúbio, em sua volta à telinha após viver o icônico vilão Félix em Amor à Vida. Dúbio por que acabou delatando Tiradentes (Thiago Lacerda, em participação especial no capítulo de abertura), seu companheiro de conjuração, sendo beneficiado pela Coroa com o cargo de intendente - uma espécie de xerife de Vila Rica (atual Ouro Preto).
O vilão, esse sim, é o salteador Mão de Luva de Marco Ricca, brilhantemente construído com um sotaque que mistura o "mineirês" com o português lusitano. Completa o elenco de coadjuvantes ilustres a sempre ótima Lília Cabral, na pele da dona de bordel Virgínia, e a antagonista vivida por Nathalia Dill (também com sotaque mineiro no tom certo).
Outro ponto positivo de Liberdade, Liberdade é dar voz e vez ao elenco português da Globo (Ricardo Pereira e Joana Solnado), que não raro ganha papéis em que são forçados a falar sem sotaque - abrasileirados de forma bizarra. Basta ver a bizarrice que é o personagem de Paulo Rocha em Totalmente Demais.
Grata surpresa na programação de 2016, a novela é um sopro de dramaturgia histórica na faixa das 23h. Já que as minisséries não voltam, que tenhamos mais dessas empreitadas daqui pra frente...
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