James Bond está de volta em sua plenitude, abraçando de vez os elementos nostálgicos da saga cinematográfica de mais de 50 anos
Depois de uma longa disputa pelos direitos do uso da Spectre, que figura na franquia 007 desde seus primórdios, os filmes do agente secreto mais famoso do mundo voltaram a ter como antagonista a "mega organização de vilões", desde vez encabeçada por Franz Oberhauser (o sempre brilhante Christoph Waltz, vencedor de dois Oscars por Bastardos Inglórios e Django Livre), que na verdade é Ernst Stavro Blofeld.
Blofeld, como os fãs de 007 devem se lembrar, foi vivido no cinema por Donald Pleasance (o vilão careca caricato, sempre acompanhado por um gato persa, que inspirou paródias como o Dr. Evil de Austin Powers), entre outros atores. Assim como nos longas com Sean Connery e Roger Moore, Blofeld é o líder da Spectre. Desta vez, porém, sua história está intimamente ligada à de Bond (Daniel Craig, pela quarta vez como 007): o vilão é seu irmão de criação.
Usando com habilidade elementos vistos nos três longas anteriores, o roteiro de 007 Contra Spectre faz um belo apanhado da trajetória do Bond de Craig, sendo suficientemente elucidativo tanto para quem assistiu apenas este filme, quanto para os fãs do icônico personagem criado por Ian Fleming.
Recheado de referências clássicas à saga cinquentenária - o carro Aston Martin, as armas, o Vodka Martini, o capanga mau-encarado, a check list está completa-, o roteiro encabeçado por John Logan recebe a direção de Sam Mendes (de volta depois de Skyfall), que merece os créditos pelas bem construídas cenas de ação, como a sequência inicial na Cidade do México, envolvendo uma perseguição num helicóptero em plena Fiesta de los Muertos.
E se a jovem Léa Seydoux (Azul É A Cor Mais Quente) dá o tom e a profundidade certas para a Bond Girl que não está ali para ser salva ou conquistada, a experiente Monica Bellucci (Matrix) surge em cena como uma viúva que prova que nem só de "ninfetas" se faz um longa de 007.
Ralph Fiennes, por sua vez, encabeça o elenco de coadjuvantes com maestria, sendo um competente M sucessor da grande Judi Dench. Moneypenny (Naomie Harris), Bill (Rory Kinnear) e Q (Ben Whishaw) têm suas pontas bem aproveitadas, mas não se pode dizer o mesmo de C/Denbigh (Andrew Scott). Personagem sem grandes surpresas, o intérprete do vilão Moriarty da série Sherlock, da BBC, infelizmente foi mal aproveitado.
Abraçando de vez os elementos que fizeram de James Bond quem ele é no cinema, 007 Contra Spectre deixa de lado características usadas em Cassino Royale, como a luta contra o terrorismo como tônica de um longa de ação realista, ao invés de enfrentar vilões de uma organização global.
Nesse ponto, o longa se aproxima de Skyfall - que já trouxe um vilão à moda antiga em sua loucura e intensidade, o inesquecível Silva de Javier Bardem. A força (ou fraqueza) da obra estão ai, de acordo com a perspectiva de cada espectador. Mas não se esqueça: desde 1962 sabemos que o Vodka Martini é batido, não mexido...
007 Contra Spectre (Spectre, 2015)
Direção: Sam Mendes
Roteiro: John Logan
Elenco: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Monica Bellucci, Naomie Harris, Ben Whishaw, Rory Kinnear e Andrew Scott
Nota: 3,5/5
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