domingo, 11 de setembro de 2016

Especial Séries: Narcos (2ª Temporada)

Em dezembro do ano passado, fiz um post sobre 7 séries imperdíveis da Netflix, abordando os seriados que havia acompanhado em 2015. Coloquei Narcos na segunda posição da lista, atrás apenas de House of Cards - pioneira da Netflix, premiada e que dispensa apresentações. 
Ação promocional com reprodução das capas de jornais e revistas da época: genial!

Naquele então, meu comentário sobre Narcos foi en passant, uma recomendação rápida para quem ainda não via a série. Agora, nada melhor do que a estreia da segunda temporada para fazer um post só para Narcos - que volta ainda mais eletrizante no roteiro e na direção, repleta de boas atuações e com lugar garantido entre as melhores temporadas de 2016.

ALERTA DE SPOILERS


A história começa exatamente onde parou a primeira temporada: a fuga de Pablo Escobar (Wagner Moura, soberbo) da prisão La Catedral, construída por ele mesmo, para escapar da mãos do governo do presidente Gaviria (Raúl Mendéz). Tem início, então, uma perseguição de gato e rato que poderia se tornar cansativa depois do segundo ou terceiro episódio. Mas estamos falando da saga do Patrón del Mal: nada é trivial nessa história, muito menos cansativo.
Na primeira metade, Pablo foge levando sempre a família - a esposa Tata (Paulina Gaitán), a mãe Hermilda (Paulina García) e o casal de filhos pequenos - sob a escolta de um exército de sicários. Conforme o cerco vai se fechando, os recursos minguando e os inimigos se unindo contra o antigo chefe do Cartel de Medellín, fica cada vez mais difícil para Escobar manter o padrão de fugas constantes acompanhado dos seus.

Os inimigos de Pablo merecem um parágrafo a parte: além do governo Gaviria, que cria o Bloco de Buscas para encontrá-lo vivo ou morto (comandado por três coronéis ao longo da temporada e auxiliado pelos agentes do DEA americano), temos ainda os narcotraficantes dissidentes de seu cartel, liderados por Judy Moncada (Cristina Umaña) e Don Berna (Mauricio Cujar), o rival Cartel de Cali e os irmãos Castaño (Mauricio Mejía e Gustavo Angarita Jr) - que lideram o terrível grupo extremista Los Pepes. É pouco ou quer mais?
Pablo com a família, em sonho como presidente da Colômbia
Em relação aos agentes do DEA, que protagonizam a série ao lado de Escobar nessas duas temporadas, temos Javier Peña (Pedro Pascal) se sobressaindo a Steve Murphy (Boyd Holbrook) no decorrer das investigações, já que é Peña quem acaba cedendo ao jogo sujo dos "narcos" e passa a dividir informações com os inimigos de Pablo. Murphy acaba fazendo os "serviços oficiais" da agência e da Embaixada dos EUA, como na sequência em que é escalado para acompanhar a família Escobar na tentativa de fuga para a Alemanha.

Entre as novidades no elenco, destacam-se o fiel Limón (Leynar Gomez), convocado pelo ambíguo La Quica (Diego Cataño) para ser motorista e guarda-costas pessoal de Escobar, e a jovem Maritza (Martina García), cujo envolvimento com Limón acaba se tornando sua ruína.
O ritmo eletrizante se dá, logicamente, pelo espaço de tempo menor retratado em cena: se no primeiro ano tivemos entre 15 e 20 anos de trajetória de Pablo Escobar sendo contada, agora nos restringimos ao período de um ano e sete meses da caçada final pelo narcotraficante mais famoso do mundo.

Mas não podemos tirar o mérito dos roteiristas e equipe de diretores, comandada pelo competente produtor executivo José Padilha, nosso velho conhecido de Tropa de Elite 1 e 2. Tudo isso aliado ao formato da Netflix torna impossível interromper os episódios e não entrar de cabeça numa maratona!
Pablo Escobar: anti-herói na pele de Wagner Moura
Apesar de esperado, o final do segundo ano teve sua dose de emoção na cena da morte de Pablo Escobar nos telhados do bairro de Los Olivos, em Medellín, na última tentativa de fuga.

E nada simboliza mais a qualidade de Narcos do que humanizar e mostrar o lado familiar e pessoal de Escobar, com a atuação arrebatadora de Wagner Moura. O público involuntariamente acaba "torcendo" para o narcotraficante , enquanto censura muitas das táticas usadas para capturá-lo - em que se pese a atuação do violento coronel Carrillo (Maurice Compte), capaz de executar um jovem a sangue frio para passar um recado a Escobar. A morte de Carrillo, aliás, é o último "grande feito" de Don Pablo, já nas últimas cartadas.

Não digo com isso que Pablo Escobar se torna o herói da série: o cara foi um assassino capaz de atrocidades incalculáveis, e quanto mais o cerco se fechava, mais atentados eram ordenados. Mas torná-lo anti-herói foi o objetivo de Narcos: todo mundo gosta de personagens cinzas.
Vem aí o Cartel de Cali na terceira temporada de Narcos
Em relação ao futuro da série - renovada para mais dois anos, cujo mote agora será o Cartel de Cali - podemos adiantar pouca coisa, entre elas que o agente Peña deve continuar como protagonista, sendo elo entre as temporadas. Tenho para mim que Narcos sem Escobar será como The Tudors sem Ana Bolena, mas vamos torcer para que a Netflix encontre meios de tornar outras histórias de narcotraficantes latinos tão interessantes quanto a saga de Don Pablo - que de tão inacreditável beira o realismo mágico do colombiano Gabriel García Márquez.

Narcos - 2a Temporada (Netflix)
Produção executiva: José Padilha. Roteiro: Carlo Bernard, Chris Brancato, Doug Miro e Paul Eckstein
Elenco: Wagner Moura, Pedro Pascal, Boyd Holbrook, Raúl Mendéz, Paulina Gaitán e Leynar Gomez.
Nota: 5/5

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