terça-feira, 18 de setembro de 2012

33 Heures de Voyage

Curitiba - 11h (horário de Brasília)
Depois de dois dias arrumando a mala e uma espera de meses, chegava a hora de voar para Grenoble. Em etapas. Várias etapas. Começando pela mais caseira possível para mim: voo Curitiba-São Paulo pela GOL. Cheguei no Aeroporto Afonso Pena uns 45 minutos antes da decolagem, fiz o check-in e esperei dar o horário, curtindo os últimos minutos com a família, e minha amiga Geovanna.

Felizmente, nossa despedida foi rápida e indolor. Naquele momento, com a tensão de tudo por fazer, não me liguei no fato de que só veria minha mãe, irmão, família e amigos dali a cinco meses. A ficha só caiu quando estava sentado na poltrona 8D do voo 1846 para Guarulhos. Admito, não tive como segurar o choro...




São Paulo - 12h (horário de Brasília)
Uma hora de voo passou tranquila, isso já contando com o tempo de pouso e chegada no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Depois de pegar a mala e me localizar, fui até o guichê da British Airways. Faltava uma hora para o check-in começar, mas uma fila considerável se formava. Começaria naquele momento a conhecer alguns passageiros do meu próximo voo.

O primeiro, e mais engraçado deles, era um colega estudante de Jornalismo da ECA-USP, que estava indo para um evento literário em Londres. Isso depois de ter ido para o Acre fazer uma reportagem sobre os imigrantes haitianos que estão chegando aos montes. Mas não, não troquei uma palavra com ele, tanto que nem sei como se chama. Isso tudo eu, e a fila inteira, ficamos sabendo ao ouvi-lo conversando em alto e bom som com a senhora da frente, levemente interessada na história...Nesse momento, não pude deixar de reparar em duas loiras que seguravam o riso, e pareciam irmãs.

Na verdade, eram mãe e filha. A mãe, no caso, só estava acompanhando a filha até Nantes, onde faria intercâmbio, como eu. Bem simpáticas, nos cruzamos novamente na sala de espera  e na chegada em Londres...

Almocei um sanduíche e embarquei às 16h15 no voo BA 246 rumo a capital britânica, para conexão com Paris. Tudo correu super bem, sem atrasos e sem burocracias. Ah, descobri que objetos pessoais como notebooks e câmeras fotográficas NÃO precisam ser declaradas na alfândega antes da viagem, isso já faz dois anos.
O voo
O que fazer para passar o tempo num voo de 11 horas: comer, ver filmes, ouvir música, tentar dormir...Fiz de tudo isso um pouco (felizmente, serviram lanche, jantar e café da manhã). A poltrona não era das mais confortáveis, apesar de ter um bom encosto de cabeça. Assim, se muito consegui dormir duas horas durante todo o trajeto. 

Mas posso dizer que aproveitei bem os atrativos áudio-visuais! Assisti Piratas Pirados! e O Que Esperar Quando Você Está Esperando inteiros, ambos em inglês no áudio e na legenda. Bons filmes. Também revi algumas cenas de John Carter, Sombras da Noite e American Pie: O Reencontro.

A tripulação era 80% britânica, super solícita e gentil. Um dos comissários me chamou a atenção pela semelhança com o ator John Noble, o Walter Bishop de Fringe. Sério, era a versão 40 anos dele, sem tirar nem por - se chamava John, inclusive! Pena que não deu pra fotografar hahaha

Londres - 8h (horário de Greenwich)
Que aeroporto organizado! Que povo educado! Não me decepcionei em nada com a imagem que tinha de Londres e dos britânicos, pelo contrário. Nem no detector de metais e alfândega tive problemas. Cheguei direto no Terminal 5 e, depois de pegar um subway interno, estava diante das várias lojas e portões de embarque. 

A única reclamação sobre a terra da rainha é a libra esterlina. Ô moedinha cara! Para terem uma ideia, comprei um imã de geladeira dos Beatles e quatro postais. Paguei com uma nota de dez euros e recebi apenas moedas de troco, em pounds!

Minha primeira surpresa desagradável da viagem aconteceu em Guarulhos, na sala de espera, e continuou em Londres: o sinal do wireless do meu netbook não pegava de jeito nenhum! Cheguei a pedir ajuda para um gaúcho bem gente boa, que estava indo para Dusseldorf, e tinha um notebook da mesma marca. Que nada, o bicho tava morto! O gremista  me aconselhou a procurar assistência técnica quando chegasse em Grenoble. Mal sabia eu que esse pepino me acompanharia pelas próximas duas semanas...
Paris - 12h (horário local)
Pense numa ponte-aérea rápida e bem bonita de se ver pela janelinha do avião, em dias ensolarados. Este é o trajeto Londres-Paris, sob o Canal da Mancha de um azul meio acinzentado. Primeiro, sobrevoamos os condados ingleses, bem verdes e bucólicos, me fazendo lembrar do The Shire de Tolkien. Não passamos por nenhuma grande cidade, mas pelo mapa da TV do avião percebi que Southampton, a cidade litorânea de onde zarpou o Titanic, não estava muito longe... Depois vieram os pastos franceses, e a paisagem urbana da periferia da Cidade Luz, onde se localiza o Charles DeGaulle. 

Vim sentado ao lado de uma senhora francesa de véu na cabeça, que lia um livro e pegou no sono assim que o avião decolou, só acordando com o barulho do pouso, 45 minutos depois.

Para minha surpresa (e alegria), não tive nenhum prolema burocrático na entrada na Europa. Tudo correu super bem e rápido, inclusive sem detector de metais nem alfândega na chegada no Aeroporto Charles DeGaulle. Meu medo era extraviar a bagagem, e perder o trem para Grenoble, que sairia da própria gare (estação) do aeroporto. Nada disso aconteceu.

Entretanto, por comprar na hora a passagem de trem, paguei 73 euros o trecho Paris-Lyon-Grenoble, que normalmente custa 30 euros para estudantes, vim saber depois. Gastos desnecessários de turista de primeira viagem: bem-vindos! :P

Almocei um Big Mac de 6,40 euros o combo, e tive o primeiro contato com a cultura brasileira que chega na Europa. Advinha: Ai Se Eu Te Pego, de Michel Teló, sendo cantada por um menino africano de uns 7 anos, que não parecia entender nenhuma palavra do que cantava em português!
Lyon / Grenoble - 20h (horário local)
Cheguei a sonhar com a viagem de trem atravessando a França, no trecho Paris-Grenoble que estaria prestes a fazer. Digamos que é bonito, mas nem tanto. Extremamente rural, com poucas casas e muitos pastos e plantações, o interior do país pelo qual passei lembra um pouco o Vale do Paraíba, entre SP e RJ (tirando a vegetação, muito mais colorida no Brasil).

O trem é bastante confortável, mas por ser curto e na segunda classe (duas horas até Lyon, e mais 1h30 até Grenoble) não tivemos nenhuma refeição. Vim sentado com duas loiras de seus 30-40 anos, uma simpática, que me emprestou o celular para mandar um email para casa, e outra nem tanto. Meio germânica, se é que você me entende...

Enfim, depois de 33 horas de viagem, às 20h chegava na capital dos Alpes franceses. Grenoble já me encantou nos arredores, marcados por montanhas e muito verde. Como estava com uma mala de 32kg e não conhecia a cidade, fui de táxi até a residência universitária OUEST, minha casa até janeiro. Preço: 20 euros, sem desconto para estudante!


As primeiras impressões da cidade, da residência e da Université Stendhal deixo para o próximo post, que esse já passou da conta...Até lá!

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