segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Circo da Democracia: Dilma defende plebiscito pela reforma política

A chuva curitibana não impediu que cerca de duas mil pessoas (os números da organização e da PM não foram divulgados até o fechamento deste texto) comparecessem ao Circo da Democracia na noite de segunda-feira (8), para ver e ouvir a presidente afastada Dilma Rousseff. Em um discurso acalorado, a mandatária defendeu a realização de um plebiscito por eleições diretas e pela reforma política, caso seu processo de impeachment não seja aprovado pelo Senado.


Sem poupar críticas ao governo interino de Michel Temer, Dilma condenou o que considera uma "substituição do colégio eleitoral de milhões de brasileiros por um colégio parlamentar", em referência ao Congresso Nacional. As "reformas impopulares" anunciadas pelo governo provisório, que incluem a partilha do pré sal com o capital estrangeiro, o ajuste fiscal, a flexibilização das leis trabalhistas, a terceirização e as mudanças no SUS também foram duramente criticadas por Dilma e pelos participantes do evento.
É fato que o apoio à Dilma está aumentando em setores variados, boa parte devido às derrapadas do governo interino, à fragilidade do ministério montado por Temer e aos motivos por trás do processo de impeachment, escancarados nas gravações de caciques do PMDB, como Romero JucáResta saber se o aceno da presidente afastada à militância e aos setores mais progressistas da sociedade não veio tarde demais...


Com Requião, Gleisi e Lavenère
Estiveram presentes ao lado de Dilma os senadores Roberto Requião e Gleisi Hoffmann, o coordenador estadual do MST, Roberto Baggio, a presidente da CUT-PR, Regina Cruz, e Marcello Lavenère , ex-presidente da OAB e um dos autores do pedido de impeachment de Fernando Collor. Em sua fala, Lavenère condenou atitudes do juiz federal Sergio Moro, que diz agir como "um juiz popstar que toma para si atribuições que não lhe cabem, como o papel de investigação do Ministério Público". 

Detalhe: Moro dá aulas aos alunos de Direito da UFPR nas noites de segunda-feira. Estaria em sala de aula no prédio histórico durante os discursos? O Circo da Democracia está armada logo em frente, na Praça Santos Andrade...


Orquestra Latino Americana e Alice Ruiz
Esperada desde às 17h, a presidente Dilma chegou ao Circo da Democracia por volta das 18h30, começando seu discurso quase uma hora depois. Enquanto isso, o evento fez jus à programação cultural anunciada, com apresentações da Orquestra Latino Americana da Faculdade de Artes do Paraná, além de declamações de poemas e falas de personalidades femininas marcantes como Cora Coralina, Pagu, Olga Benario, Anne Frank e Anita Garibaldi.

Os discursos da noite tiveram início com poeta curitibana Alice Ruiz, que saudou Dilma informalmente, quebrando o protocolo ao dizer que se identifica bastante com a presidente, já que são "mulheres da mesma geração". Alice destacou ainda o lado acolhedor do povo paranaense, formado por "gente de todas as partes". Ao final, a escritora feminista que foi casada com o poeta Paulo Leminski dedicou uma poesia à mandatária afastada.

"Essa força que vem de vocês, da música que cantaram, da poesia que recitaram, precisa de uma direção. Essa direção é a certeza de que a democracia nunca é garantida. Ela é construída por nós a cada dia. É muito importante que hajam eventos como este (Circo da Democracia) pelo país, que promovam debates de ideias e estimulem a cultura do povo", discursou a presidente, aos gritos de "Fora Temer" e "Volta Dilma" vindos da multidão.

MBL não dá as caras
Devido à presença de Dilma Rousseff, o Circo da Democracia teve sua segurança reforçada, com dezenas de seguranças impedindo a entrada de pessoas que não estivessem credenciadas. O espaço destinado aos convidados comportou cerca de 600 pessoas, com a imprensa alocada num espaço separado e o público geral nas escadarias da UFPR - debaixo de guarda chuvas.

A anunciada manifestação do Movimento Brasil Livre (MBL), contrária à presidente afastada, acabou não acontecendo durante o evento.

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